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domingo, 27 de dezembro de 2009

Casos de Amor

A quem imagin(va) o amor como essa
clara coisa , nítida. O amor ofusca

Estela sempre foi minha melhor amiga. Mesmo ejaculando implicância sobre meu então namorado, nunca rompemos. Mal sabíamos que meu filho e a filha dela se tornariam tão íntimos; ela mãe solteira e eu casada com meu único namorado.
A roda viva da vida é rota de olaria. No dia em que a menina quebrou o pé, aquele com quem ela tanto implicava virou um leão, tal qual desejo no alvo, e nem se preocupou em nos deixar naquele acampamento hostil. Tudo pra acudir a pequena. Estela me olhou entre temerosa e envergonhada. O mal se paga com o bem.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Poema de Natal

Devorar pernis transeuntes
Escarrar na barba do Noel
Que aperte o off o deus menino
E se cale o jingle bell

Ho ho hoje é dia de ironia
Em transe transam as máscaras
O saco rubro se esvazia com as almas
E se enche de música ridícula

É tempo de esperança sem juros
Que liquida e se divide
Engodo para a consciência...
Que as rolhas se esvoacem em glória
E que haja paciência!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Cifrão

A chuva e o vento atordoavam o velho banguela. A porta tava aberta, gente à revelia. Cambaleando, exalava cachaça barata.
_Veja, meu povo. É a obra do capeta nesse senhor.
_Cambeta é a rapariga que lhe pariu, mauricinho de merda. E senhor é um camarada que tá longe desse lugar vazio, dizia arreganhando as gengivas.
_Irmão, dou-lhe o terno que me cobre, em nome do Senhor. Aleluia!!!!
Gargalhando e atirando moeda no chão, o maltrapilho então vira pra morena tentação e anuncia que o melhor da vida se faz é pelado

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Crônica que Nunca Escrevi

Tava pensando em escrever uma crônica mas ela tinha que ser engraçada, porque crônica sem humor é muito sem graça. Se bem que não tem que ter humor pra ser crônica. Ai, melhor largar dessas indecisões, senão podem me julgar geminiano. Decidido, ela vai ser sem graça mesmo, é menos arriscado.
Para ficar legal, podia colocar denúncia social nela. Dizer que com o Aécio presidente ou não, a pobreza não vai diminuir, que mudanças não são feitas nas urnas mas nas ruas. Mas aí vão me taxar de marxista e nem barba grande eu tenho. Melhor não denunciar nada, mas daí vão me julgar superficial, vão dizer que o texto tá cheirando a Luciana Gimenez.
Legal, poderia comentar sobre o “cheirando a” escrito acima, ficou bacana, deu tom mais sério. Posso dar nome a isto de regência, daí fico parecendo gente ilustrada. Mas podem me julgar gramatiqueiro e o texto que nem sei se vai sair já vai nascer caduco. Melhor largar mão.
Pior de tudo é que sempre escrevi foi artigo de opinião, com proposta definida, amparo científico e fantasia de seriedade. Mas aí vou estar é dando aula de gênero textual e vão me julgar linguista. Que chique, não coloco o trema e mostro pra galera que tô antenado à reforma ortográfica. Mas aí vão achar erro de português e vai pegar mal pra caramba (podia falar caramba?).
Vamos largar de metalinguagem (é a língua falando da língua, melhor explicar porque senão vão me taxar de incompreensível). Se não vou me posicionar como marxista, que tal direitista? Falar da Linha Verde, privatização da 381, pré-sal – o Brasil está modernizando(miserável agora não toca mais campainha, pede comida por celular, manda e-mail requerendo pão). Mas daí vão dizer que tenho rabo preso com o governo e que tô é ganhando por fora. Sei lá, meio antiquado falar em direita ou esquerda em tempos ambidestros.
Já sei, vou tacar palavrão na crônica, daí vai dar tom informal, leve e vai fazer maior sucesso. Só que depois vou me fu..., entrar mal. Largar mão disso, já pensou marcha da família? _Em nome da moral, da ética e dos bons costumes, apedrejem o cronista. (“eu sou apenas o cantor”). Mas eu gosto de tudo que é proibido, imoral ou que engorda. Poderia chegar com papo de eu-lírico e dizer que quem falou isso foi a personagem e não o autor.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Caçada

Desejo, o ímpeto
Dessossego aos poucos
Atormenta, atordoa a toa
Aos passos, poucos, aos pulos
_ Ele passa, diz a lenda!
Desalenta, desatenta
Desejança!

Saio, sem sol, sem sal
Suspirejo...só!

A saia...

Eu olho, me olho, o olho
Aos passos, poucos, aos pulos
Me envolvo, empolvo a presa, o faro
Esmago, entalo, enfaro

Saia...

Sou preso, sou presa, surpresa
O povo, o polvo, a prova
Dever...
Manter o que?