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domingo, 27 de setembro de 2009

Trivial

sob a lata e o sol,
cimento e sonho...
sigo a sina,
a espera da sena
meu time vencer
a esposa esquecer
do porre passado.

no bar...
a mentira consente,
resto de gente.
caninha pra dentro
rabada no peito
porrada na cara.

sábado, 26 de setembro de 2009

A Máquina da Felicidade

É sabido por uma boa parcela dos leitores que os livros denominados de auto-ajuda não apresentam absolutamente nenhum amparo científico e pelo que sei não são indicados por psicólogos ou psiquiatras. Aqui, tentaremos analisar algumas das tantas técnicas discursivas dessas obras.
A primeira questão a ser observada é a predisposição do público da auto-ajuda (muitas vezes, cidadãos emocionalmente instáveis no momento da leitura) a buscar verdades inquestionáveis, otimistas e que prometem solucionar os maiores problemas da humanidade. Por outro lado, a figura do autor deve sempre ser associada àlguém vitorioso, confiante e com exemplos de vida sempre muito virtuosos.
São utilizadas frases que pregam certezas absolutas mas acríticas, ou seja, que não deverão ser questionadas, tais como: “querer é poder, viver é tentar, viver é ousar, quem ama educa, etc”. As artimanhas para tais axiomas não serem colocados em dúvida variam desde um exemplo de vida (nunca comprovado), até um apelo místico, religioso (como utiliza o guru Paulo Coelho). Frases no imperativo também cumprem tal função: “Seja você mesmo, pense sempre positivo, etc” Este modo verbal tradicionalmente já é pouco questionado ou o leitor costuma perguntar ao livro de receitas o porquê da adição de sal em uma guloseima?
Um clima otimista também estará presente nos rentáveis livros de auto-ajuda. As próprias capas o transmitem através de belas paisagens ou mesmo das caretas maquiadas de seus sorridentes autores ($). Surge com a finalidade de deixar o leitor eufórico e esperançoso com as informações “mágicas” daquelas páginas, que supostamente o tirarão de uma apatia pessimista e o levarão para o suposto mundo do sucesso.
A auto-ajuda também desconsiderará fatores culturais, sociais, políticos ou econômicos, além de colocar o ser humano em um patamar de igualdade (como se as mesmas dicas fossem solucionar os diferentes problemas das diferentes pessoas que podem estar lendo aquilo). Seria possível, leitor, através de uma simples e mesma “dica”, Adolf Hitler encontrar a salvação ainda com a proximidade da tomada de Berlim ou uma adolescente redescobrir o sentido da vida mesmo depois de ser recusada pelo namoradinho de duas semanas? Discursos de Lair Ribeiro, Napoleon Hill, Içami Tiba, Augusto Cury e Paulo Coelho sustentam a ideia de que todos podemos igualmente alcançar a glória, independentemente de nossas condições e peculiaridades. Bastaria ler seus livros e mantê-los cada vez mais milionários.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Preguiça

Macunaíma vive e nem a brincar se dispõe.

Alvejado pelos mais odiosos, rancorosos e precisos olhares de quem o procurava, Domingos simulava um aparente azedume na feição para evitar mesmo ser incomodado naquela repartição que ele mesmo ignorava a serventia. A cada informação pedida, empunhava o braço gordo à direção oposta:
_É com a Marli!
Não havia tarde que não agradecia a própria sorte por menos um dia e mais um jantar da bela Iza. Havia anos não aceitava mais o insistente futebol do amigo Ney:
_Seu nome lhe é perfeito, cara!
Naquele sábado, Ney não tocara a campainha cedo e a ausente Iza nem o café houvera feito.

domingo, 20 de setembro de 2009

Esféricas


Ao PSTU
Esferas não mudam

Compreender as esferas
Como deslizam, rolam, brilham
Mas sempre esferas

Camada lisa, lustre
Férrea, fera, fere
Jamais exferas,
Mentem...

Esferas não mudam

Inveja

Showzinho inodoro, o teclado gemia tons repetidos, copiados, refletiam o olhar outrora masculino do marido senil. Meia esticada, jornal sobre a mesa, mãos dadas, roupa burocrática e a toxina do aposentar-se d’alma. O casal seria o único público daquela pracinha se um louco imundo não insistisse em bailar alcoólico em frente ao palco. Conhecia as mais belas damas, balançava os trapos, o saco de alumínio e o cabelo desleixo; ostentava uma pose só não tão aristocrática quanto a recusa migalha do velho.
_Vamos embora, querida! Disse azedo

Devocação Mariana

Eu me estreitava em suas veias e mal suportava a neblina nos olhos, pranteavam tempestadeavam e faziam espuma no sabão da rua. Era pra dar tombo na gente. Tudo isso engana como cartão-postal. Um dia subi em um desses paredões que espiam e espremem a gente pra ver se me avistava. Inútil! A sentença foi de quatro anos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quase Unânime

todo limpo é quase sujo
toda transa é quase um fim
todo sempre é quase nunca
todo fora é quase um sim

todo piso falta um brilho
todo ácido falta cal
todo lápis falta ponta
toda sopa falta sal

toda trave é quase um gol
todo furto é quase cela
todo frango é quase galo
toda bicha é quase ela

toda boca pede boca
todo encontro pede menta
toda porta pede unto
todo pai pede pimenta.