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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um Pára-quedista

Herdara a fábrica de pára-quedas do tio. Esperança de fuga da vida proletária. A contragosto ia armando as cordas quando um amigo do Tio Tales se aproximou. Bombardeou-o de dicas: pára-quedista só erra uma vez. Disse e se foi.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Primeiro Beijo

O juízo deslizava por entre os dedos como os dedos de quem provoca. O conselho mamãe perturbava como o gelo. O olho torpe da malícia se esfregava, se atirava e chupava o rosto da menina. As línguas transaram, desajeitadas, primeiro voo. O perfume pecado se mesclou ao suor, clareando o cheiro do temor. Chegou em casa afanando a gilete do papai ausente. Inútil o gelo na ferida: joystick já se sujou, todo delator.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

P/Exportação

Não entendeu quando foi retirado dos outros. Nova casa é arejada, no Caminho conheceu até o sol. Patinhas não sustentavam o corpo suíno e desproporcional, nutrido a engodo e exagero. Mal nasceu e já se tornou adulto, sem o gosto do leite. Nunca mais viu mamãe. Estranhamente conheceu o paladar. Galera não vai acreditar na delícia dos abacaxis. Num átimo, a mercadoria foi pendurada pela perninha, confundindo-se com as outras. Imóvel, permaneceu com a feição leitão que lhe amputaram.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Casamento

Os olhinhos velozes deslizavam o diário, como se ainda fossem virgens. O papel de bala precisava a data daquele encontro, cheio de rugas. Ela então fitava o costado das mãos. O cheiro já inexistente do namorado insistia em impregnar. Ouvindo o nome berrado, mancou até a cômoda e se escondeu com o diário.