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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ode(io) ao Bufo

Sem garras,
espinhos ou presas
prendes o medo
em teu pustuloso visgo.

viveste em teu
lutuoso meio,
cercado pelo
líquido da vida,
paradoxo
anúrico
pluvial

Toci, és essencial à vida
mas por meio do
asco insetívoro
trouxeste do barro o bufo.

Deusa Toci, trazes
alegria ao plantado
e ao barro, aliviado.
Mas semeaste o
sórdido por onde
saltaste

domingo, 15 de novembro de 2009

Bufólicas

Era muito pra cabecinha de menino estar com a água turva da piscina até os joelhos. Havia sido deixado com o amiguinho naquele líquido falsamente imóvel. Não era de se esperar que a abominável massa de perninhas começasse a tremular pela água viscosa. Pequenos dragões inchados se multiplicavam e roçavam nos cambitos hirtos e arrepiados do garoto, já percebendo que a piscina de fazenda, cheia até a metade, impossibilitaria qualquer tentativa de fuga. Inútil evitar o episódio mais eterno de sua vida.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Terceridade


No andar abaixo de onde moro, reside numa espécie de pensão de terceira uma senhora com os olhos tristes, quase dominicais. O peso da inércia só não a martirizava mais que a revolta abandono que a coitada ruminava impassível. Uma TV fora instalada naquela colônia do ócio e vinha sendo a humilhante distração daquela mulher de terceira, que à mercê da programação aberta, programava-se, entregava-se ao deprimente silêncio do objeto ligado. Enxugava gelo. Prédio sem luz dois dias e a velha mascava pescando melancolia. Nestes dias, inexplicavelmente desci de casa mais feliz.