Recentemente, a tragédia provocada pelas chuvas na região serrana do Rio tomou a grande mídia com o estardalhaço costumeiro. Dá Ibope chocar, estarrecer a população. Por mais que nos comova, gostamos sim de nos inteirarmos do sofrimento alheio. Acidentes aéreos, morte de famosos, tufões, etc; são temas que nos prendem à informação, nutrem uma curiosidade sádica.
Este texto poderia questionar a insana repetição de notícias e imagens que a TV aberta regurgita nos olhos e ouvidos curiosos do grande público. Poderia também retratar a ironia de uma Rede Globo faturando milhões por pedir donativos aos necessitados, mas ainda não é nosso objetivo principal.
Sempre que um acontecimento trágico ocorre, principalmente vitimando vidas, é quase automático o ato de se procurar por um responsável, assim como quando nosso time toma um gol. É mais fácil eleger o culpado do que simplesmente engolir uma adversidade. Faz bem ao ego, lustra-se a consciência, fazendo com que pareçamos mais sensíveis e até caridosos.
Deputados, senadores, prefeitos, ex, atuais e até futuros políticos se digladiam, atirando culpa um no outro. Enquanto isso, elegemos ou pelo menos nos esforçamos a eleger “o verdadeiro culpado”. Mas não pense o sorteado que estará nos holofotes da vilania por muito tempo. Seu período de glória maquiavélica dura até o próximo acontecimento midiático; seja as finais de uma novela, do BBB ou mesmo de um campeonato. O deputado incompetente cede lugar ao galã artificial ou ao artilheiro dentucinho.
O leitor acredita que já se deparou com controvérsias por cá? Então ajudem este ignóbil cronista a refletir: por que preocupar-se tanto com o imediatismo do sofrimento provocado pelas tragédias e não se ouvir sequer uma menção (na padaria, no cabeleireiro ou no bar) dos mais de 60% de aumento aos parlamentares? Será que tal dinheiro público não poderia igualmente sanar deficiências dolorosas à população? Não seria mais justo, duradouro e humano contarmos com um SUS de qualidade, com um professorado valorizado ou mesmo com impostos menos abusivos, que permitissem aos pequeno e micro empresários exercerem seu ofício com mais tranquilidade do que simplesmente o envio imediato e emergencial aos necessitados?
Creio ser louvável a atitude de se ajudar o próximo mas o trabalho de prevenção e estruturação de um país seria o mínimo a se exigir de um Brasil que suga cada vez mais sua população com impostos abusivos. Evitar, planejar, amparar e reconstruir uma região submetida (ou passível) a uma catástrofe é papel do Estado. Não é bonito que cidadãos vitimados por uma carga tributária medonha tenham que depender de compatriotas igualmente necessitados.
Também não vejo os moradores da Serra Fluminense como apenas vítimas. Somos todos culpados por eleger todo este “faz-de-conta” que finge nos governar, assim como por nos preocuparmos mais com os galãs e craques do que no mínimo termos conhecimento do que se é votado no congresso. Ao invés de açúcar, água, sal, enviemos livros, jornais, cd’s e revistas ao RJ. No momento, os alimentos de que mais nos necessitamos são a cultura e a informação, para quem sabe podermos no futuro saber pelo menos exigir nossos direitos e deixar de eleger nossos Tiriricas e Romários.
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Prevenir, remediar pode demorar a fazer efeito (se com uma pessoa é assim, eu que o diga, imagina com um país).
ResponderExcluirps:mandei o email.
Amigo, a Educação dá conta de fazer algo?mudar alguma coisa?Quem sabe, se parar de discutir velhas teorias e aplicar o que realmente necessita, poderia ajudar em algo, o essencial _ a própria educação da população!
ResponderExcluirAbração do Burgão.