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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
A Serviçal
E a lua vinha dura e previsível anunciar a jornada. O odor de rosas se imiscuía ao gozo falso, farto e eclético da casa de shows. Rita rejeitava os olhos curiosos, afastava a fama de beleza fácil e cara. Firmeza no rosto para aguentar a batalha; suores, pêlos e putas. O coronel de sempre, o delegado passivo, a aristocracia nua e a freguesia ria e retalhava Rita, gargalhava. Enfim o sol, enfim o lar. Cássia Eller no som e os sacos de vômito testemunhavam a desgraça do mundo.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Presente de Grego
Há alguns anos fui presenteado com um destes livros que prometem resolver as questões mais cabeludas da humanidade. Não entendi o porquê de tal agraciamento que não seria tão trágico se o catatau não tivesse 693 páginas e se a alma amiga não me cobrasse semanalmente por pareceres a respeito de tão “revolucionária” obra.
Em xeque, tive de optar por duas alternativas; arriscar a sinceridade e desgostar profundamente um amigo ou ter uma opinião, mesmo que geral do auto-ajuda. Mesmo ouvindo clamores de virtude retumbando em meus tímpanos como um mantra (Diga a verdade!), preferi ler o sumário, alguns capítulos inteiros, início e fim de outros, etc.
Confesso que a cada frase de efeito lida, nauseava-me a consciência me expondo, como em um estande de livraria, os clássicos que não li. Que naquele momento poderiam estar sendo devorados.
Em um ataque de fúria, arranquei meia dúzia de páginas ao me deparar com a biografia do autor (verdadeiro especialista em mente humana sem sequer ter pisado em uma faculdade de psicologia). Sua foto denotava a figura inorgânica, imaterial de um ser maquiado, pouco abaixo de Deus por pura modéstia e acima de toda a humanidade. Uma mescla de elegância, sabedoria e poderio econômico.
Houve ocasião em que tentei esconder (sem sucesso) o bendito gorducho, mas sempre me passava um engraçadinho a fazer piada do título. Era difícil arranjar desculpa: _ É que vou dar de presente.
Pensando no que diria um terapeuta ao presenciar meu nervosismo, tentei tirar proveito da minha empreitada literária. Riscava, vingativamente, os pontos mais controversos, irrisórios do best-selle. Assim, entre florais, bicarbonato e persistência, venci o meu karma.
Afoito, fui relatar minha cáustica opinião a meu algoz (o que me presenteou), que secamente e de prontidão me respondeu que sou pequeno demais pra entender a alma de um auto-ajuda.
Em xeque, tive de optar por duas alternativas; arriscar a sinceridade e desgostar profundamente um amigo ou ter uma opinião, mesmo que geral do auto-ajuda. Mesmo ouvindo clamores de virtude retumbando em meus tímpanos como um mantra (Diga a verdade!), preferi ler o sumário, alguns capítulos inteiros, início e fim de outros, etc.
Confesso que a cada frase de efeito lida, nauseava-me a consciência me expondo, como em um estande de livraria, os clássicos que não li. Que naquele momento poderiam estar sendo devorados.
Em um ataque de fúria, arranquei meia dúzia de páginas ao me deparar com a biografia do autor (verdadeiro especialista em mente humana sem sequer ter pisado em uma faculdade de psicologia). Sua foto denotava a figura inorgânica, imaterial de um ser maquiado, pouco abaixo de Deus por pura modéstia e acima de toda a humanidade. Uma mescla de elegância, sabedoria e poderio econômico.
Houve ocasião em que tentei esconder (sem sucesso) o bendito gorducho, mas sempre me passava um engraçadinho a fazer piada do título. Era difícil arranjar desculpa: _ É que vou dar de presente.
Pensando no que diria um terapeuta ao presenciar meu nervosismo, tentei tirar proveito da minha empreitada literária. Riscava, vingativamente, os pontos mais controversos, irrisórios do best-selle. Assim, entre florais, bicarbonato e persistência, venci o meu karma.
Afoito, fui relatar minha cáustica opinião a meu algoz (o que me presenteou), que secamente e de prontidão me respondeu que sou pequeno demais pra entender a alma de um auto-ajuda.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Prevenir ou Remediar?
Recentemente, a tragédia provocada pelas chuvas na região serrana do Rio tomou a grande mídia com o estardalhaço costumeiro. Dá Ibope chocar, estarrecer a população. Por mais que nos comova, gostamos sim de nos inteirarmos do sofrimento alheio. Acidentes aéreos, morte de famosos, tufões, etc; são temas que nos prendem à informação, nutrem uma curiosidade sádica.
Este texto poderia questionar a insana repetição de notícias e imagens que a TV aberta regurgita nos olhos e ouvidos curiosos do grande público. Poderia também retratar a ironia de uma Rede Globo faturando milhões por pedir donativos aos necessitados, mas ainda não é nosso objetivo principal.
Sempre que um acontecimento trágico ocorre, principalmente vitimando vidas, é quase automático o ato de se procurar por um responsável, assim como quando nosso time toma um gol. É mais fácil eleger o culpado do que simplesmente engolir uma adversidade. Faz bem ao ego, lustra-se a consciência, fazendo com que pareçamos mais sensíveis e até caridosos.
Deputados, senadores, prefeitos, ex, atuais e até futuros políticos se digladiam, atirando culpa um no outro. Enquanto isso, elegemos ou pelo menos nos esforçamos a eleger “o verdadeiro culpado”. Mas não pense o sorteado que estará nos holofotes da vilania por muito tempo. Seu período de glória maquiavélica dura até o próximo acontecimento midiático; seja as finais de uma novela, do BBB ou mesmo de um campeonato. O deputado incompetente cede lugar ao galã artificial ou ao artilheiro dentucinho.
O leitor acredita que já se deparou com controvérsias por cá? Então ajudem este ignóbil cronista a refletir: por que preocupar-se tanto com o imediatismo do sofrimento provocado pelas tragédias e não se ouvir sequer uma menção (na padaria, no cabeleireiro ou no bar) dos mais de 60% de aumento aos parlamentares? Será que tal dinheiro público não poderia igualmente sanar deficiências dolorosas à população? Não seria mais justo, duradouro e humano contarmos com um SUS de qualidade, com um professorado valorizado ou mesmo com impostos menos abusivos, que permitissem aos pequeno e micro empresários exercerem seu ofício com mais tranquilidade do que simplesmente o envio imediato e emergencial aos necessitados?
Creio ser louvável a atitude de se ajudar o próximo mas o trabalho de prevenção e estruturação de um país seria o mínimo a se exigir de um Brasil que suga cada vez mais sua população com impostos abusivos. Evitar, planejar, amparar e reconstruir uma região submetida (ou passível) a uma catástrofe é papel do Estado. Não é bonito que cidadãos vitimados por uma carga tributária medonha tenham que depender de compatriotas igualmente necessitados.
Também não vejo os moradores da Serra Fluminense como apenas vítimas. Somos todos culpados por eleger todo este “faz-de-conta” que finge nos governar, assim como por nos preocuparmos mais com os galãs e craques do que no mínimo termos conhecimento do que se é votado no congresso. Ao invés de açúcar, água, sal, enviemos livros, jornais, cd’s e revistas ao RJ. No momento, os alimentos de que mais nos necessitamos são a cultura e a informação, para quem sabe podermos no futuro saber pelo menos exigir nossos direitos e deixar de eleger nossos Tiriricas e Romários.
Este texto poderia questionar a insana repetição de notícias e imagens que a TV aberta regurgita nos olhos e ouvidos curiosos do grande público. Poderia também retratar a ironia de uma Rede Globo faturando milhões por pedir donativos aos necessitados, mas ainda não é nosso objetivo principal.
Sempre que um acontecimento trágico ocorre, principalmente vitimando vidas, é quase automático o ato de se procurar por um responsável, assim como quando nosso time toma um gol. É mais fácil eleger o culpado do que simplesmente engolir uma adversidade. Faz bem ao ego, lustra-se a consciência, fazendo com que pareçamos mais sensíveis e até caridosos.
Deputados, senadores, prefeitos, ex, atuais e até futuros políticos se digladiam, atirando culpa um no outro. Enquanto isso, elegemos ou pelo menos nos esforçamos a eleger “o verdadeiro culpado”. Mas não pense o sorteado que estará nos holofotes da vilania por muito tempo. Seu período de glória maquiavélica dura até o próximo acontecimento midiático; seja as finais de uma novela, do BBB ou mesmo de um campeonato. O deputado incompetente cede lugar ao galã artificial ou ao artilheiro dentucinho.
O leitor acredita que já se deparou com controvérsias por cá? Então ajudem este ignóbil cronista a refletir: por que preocupar-se tanto com o imediatismo do sofrimento provocado pelas tragédias e não se ouvir sequer uma menção (na padaria, no cabeleireiro ou no bar) dos mais de 60% de aumento aos parlamentares? Será que tal dinheiro público não poderia igualmente sanar deficiências dolorosas à população? Não seria mais justo, duradouro e humano contarmos com um SUS de qualidade, com um professorado valorizado ou mesmo com impostos menos abusivos, que permitissem aos pequeno e micro empresários exercerem seu ofício com mais tranquilidade do que simplesmente o envio imediato e emergencial aos necessitados?
Creio ser louvável a atitude de se ajudar o próximo mas o trabalho de prevenção e estruturação de um país seria o mínimo a se exigir de um Brasil que suga cada vez mais sua população com impostos abusivos. Evitar, planejar, amparar e reconstruir uma região submetida (ou passível) a uma catástrofe é papel do Estado. Não é bonito que cidadãos vitimados por uma carga tributária medonha tenham que depender de compatriotas igualmente necessitados.
Também não vejo os moradores da Serra Fluminense como apenas vítimas. Somos todos culpados por eleger todo este “faz-de-conta” que finge nos governar, assim como por nos preocuparmos mais com os galãs e craques do que no mínimo termos conhecimento do que se é votado no congresso. Ao invés de açúcar, água, sal, enviemos livros, jornais, cd’s e revistas ao RJ. No momento, os alimentos de que mais nos necessitamos são a cultura e a informação, para quem sabe podermos no futuro saber pelo menos exigir nossos direitos e deixar de eleger nossos Tiriricas e Romários.
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