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domingo, 14 de março de 2010

Pitty comeu rã

Há muito a internet tem sofrido sensível mudança em seu conteúdo. Esta afirmação poderia parecer menos óbvia se especificássemos que tipo de mudança é esta e como a mesma está sendo processada. Houve um tempo em que a rede foi vista como uma espécie de enciclopédia virtual, ou seja, por lá fazíamos nossas mais específicas consultas, abismávamo-nos a cada dia com as inovações quantitativas e qualitativas de seu conteúdo. Não cometeríamos a subversão de afirmar que as pesquisas virtuais não mais existem e muito menos que diminuíram quando o que ocorreu foi a inclusão de uma infinidade de redatores (autores) então anônimos. Blogs, fotologs, Orkut, twitter, etc são apenas alguns exemplos de meios em que se publicam os mais diversos assuntos. O simples consultar a cada dia compete mais com o criar. A questão é: o que se cria? Seríamos absurdamente anacrônicos se afirmássemos que a criação na internet é algo negativo. Uma quantidade imensa de intelectuais, incluindo jornalistas, psicólogos, professores e até escritores publicam e são lidos graças à rede. O problema é que há uma massa de informações inúteis que nem sempre são facilmente evitadas ou pelo menos separadas do que é bom. Grande parte do que se joga na net é fatalmente dispensável e há uma explicação para as exclamativas reações dos leitores – “o que é que eu tenho com isso?”. A lingüística justifica tal postura indignada a partir da existência de um tipo textual denominado “expositivo” ou “informativo” e sua função é fazer com que o leitor adquira um conhecimento que até então não possuía. Embora isto não nos permita a falar para alguém tudo de que sabemos. Qual seria a função de afirmar que a cantora Pitty comeu rã pela primeira vez a alguém que não a conhece intimamente ou que não possui a mais ávida curiosidade sobre sua vida particular? Inconscientemente, quando lemos um texto ou ouvimos uma mensagem, criamos expectativas quanto a isto. Ou seja, ao deparar-nos com um tipo textual informativo, esperamos por uma informação com o mínimo de importância para nós. A transmissão destas informações deve seguir um critério denominado “informatividade”, ou seja, só falamos o que acharmos necessário para a pessoa e para o contexto em questão, esforçando-nos ao máximo para realmente sermos relevantes. Portanto, quando nos deparamos com a mensagem; “Hoje acordei de mau humor”, sem pelo menos convivermos com o autor, somos levados a achar que estamos recebendo um conteúdo desnecessário. O grande objetivo de nossa comunicação é o ouvinte (leitor). Assim, quanto mais nos adequarmos ao contexto e a quem recebe nossas informações, para que nossos textos tenham o mínimo de relevância, mais eficiente será nossa linguagem e com mais clareza e pertinência poderão ser recebidas nossas ideias.

3 comentários:

  1. Uma análise mais rápida de sua ideia também pode nos revelar a causa de tanto texto de alunos _ que tem acesso à internet_ não apresentar uma coerência externa, muito menos interna.

    Abração do Burgão

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  2. Realmente encontramos bastante incoerência nessa rede. Antes procurávamos mais facilmente pelo que ler, graças à eficiência da arquivologia no tempo dos livros. Estamos em transição e outro dia li um texto maravilhoso do Lobato no Digestivo Cultural sem me dar conta que ele deveria ser de 1920. hihi

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