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sábado, 26 de setembro de 2009

A Máquina da Felicidade

É sabido por uma boa parcela dos leitores que os livros denominados de auto-ajuda não apresentam absolutamente nenhum amparo científico e pelo que sei não são indicados por psicólogos ou psiquiatras. Aqui, tentaremos analisar algumas das tantas técnicas discursivas dessas obras.
A primeira questão a ser observada é a predisposição do público da auto-ajuda (muitas vezes, cidadãos emocionalmente instáveis no momento da leitura) a buscar verdades inquestionáveis, otimistas e que prometem solucionar os maiores problemas da humanidade. Por outro lado, a figura do autor deve sempre ser associada àlguém vitorioso, confiante e com exemplos de vida sempre muito virtuosos.
São utilizadas frases que pregam certezas absolutas mas acríticas, ou seja, que não deverão ser questionadas, tais como: “querer é poder, viver é tentar, viver é ousar, quem ama educa, etc”. As artimanhas para tais axiomas não serem colocados em dúvida variam desde um exemplo de vida (nunca comprovado), até um apelo místico, religioso (como utiliza o guru Paulo Coelho). Frases no imperativo também cumprem tal função: “Seja você mesmo, pense sempre positivo, etc” Este modo verbal tradicionalmente já é pouco questionado ou o leitor costuma perguntar ao livro de receitas o porquê da adição de sal em uma guloseima?
Um clima otimista também estará presente nos rentáveis livros de auto-ajuda. As próprias capas o transmitem através de belas paisagens ou mesmo das caretas maquiadas de seus sorridentes autores ($). Surge com a finalidade de deixar o leitor eufórico e esperançoso com as informações “mágicas” daquelas páginas, que supostamente o tirarão de uma apatia pessimista e o levarão para o suposto mundo do sucesso.
A auto-ajuda também desconsiderará fatores culturais, sociais, políticos ou econômicos, além de colocar o ser humano em um patamar de igualdade (como se as mesmas dicas fossem solucionar os diferentes problemas das diferentes pessoas que podem estar lendo aquilo). Seria possível, leitor, através de uma simples e mesma “dica”, Adolf Hitler encontrar a salvação ainda com a proximidade da tomada de Berlim ou uma adolescente redescobrir o sentido da vida mesmo depois de ser recusada pelo namoradinho de duas semanas? Discursos de Lair Ribeiro, Napoleon Hill, Içami Tiba, Augusto Cury e Paulo Coelho sustentam a ideia de que todos podemos igualmente alcançar a glória, independentemente de nossas condições e peculiaridades. Bastaria ler seus livros e mantê-los cada vez mais milionários.

3 comentários:

  1. Sua escrita tem uma elegância diferente. Meus parabéns...muuuuuuuuuuuuuitos beijos da amiga e poeta Aninha.

    Te adoro, poetinha

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  2. Belissimo texto...o "Antônio Roberto e você", rs, é que devia ler....e claro, seus telespctadores.....
    Sempre muito coerente , moço...

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  3. De extrema elegância e inteligência ! bjo gde ( My )

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