Ao Cordel
Nasci na região do São Francisco, rio suntuoso, comendo em cuia. Mainha lavava roupa pra fora mas deixou a gente muito cedo, o que obrigou o pai a cuidar da ninhada sozinho. Aboiava em chuva e seco, noite e sol fervente, pra encher a barriga da gente. Mais novo que fui, tive oportunidade de ir pra capital com o Padrinho e me apeguei nos estudos. Ganhei bolsa em escola boa e conheci cambada adinheirada. Papai veio me ver quando ainda tava na faculdade e morri de vergonha da Aninha e dos colegas verem ele; sujo, magrelo, barbudo, cheirando a luta. Já era juiz na época em que ele tava no hospital e nem deu tempo de fazer o último pedido:
_ Oh Painho, ensina eu a ser matuto?